terça-feira, 20 de março de 2007

os monstros existem?

Como habitualmente nos contos de fadas o mal está do lado das pessoas e do lado dos adultos. Há uma ideia de bondade perdida que o mundo das coisas e das criaturas retém e que as crianças ainda conseguem ver. Na condição, claro, de jamais deixarem de ser crianças. No Labirinto do Fauno há um monstro de cada lado do espelho: uma coisa não humana com olhos nas mãos que come criancinhas e um humano com olhos na cara que mata criancinhas. Do lado dos humanos, o monstro é um capitão franquista sanguinário e sem coração, que coloca uma ideia de si próprio acima de tudo o resto. Um novelo de relações filiais mal resolvidas, travestidas de honra militar, de virilidade e da premência de um ideal fascista que justifica a morte (de que ele próprio é o instrumento) de inocentes, dos seus mais próximos, da sua própria mulher, da sua (quase) filha. O novelo consome-se e consome-o e acabará por levá-lo a uma inevitável (esperada) derrota, moral e de facto. Mas a questão mantém-se. Exceptuando os casos históricos, podemos alguma vez aceitar como real a existência deste tipo de pessoas, destes monstros superlativos de qualquer tipo de mal?





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